Aconteceu o que eu temia: Maria Santíssima deu à Luz. Aquela noite, quando ela insistentemente me pediu maçã e melancia, eu logo desconfiei. Acabou parindo meia dúzia de ratinhos trêmulos, todos pelados e famintos. Foi um parto de risco, pois ela é muito jovem. Usando luvas para evitar infecção hospitalar, procurei o cordãozinho umbilical e não achei. Maria Santíssima me olha surpresa, meio apavorada, sem entender bem o que está acontecendo. Dou-lhe, é claro, o meu apoio emocional. A primeira gravidez a gente nunca esquece. Com guardanapos branquinhos e jornal picado ela fez um ninho fofo. Depois, a coitadinha passou dois ou três dias amuada, parecendo envergonhada, meio atordoadinha, cambaleando ali na bacia de plástico azul transformada em berço esplêndido.
E eu fico pensando cá com os meus botões de rosa: se Lucifer estava na sua gaiolinha, quieto como um santo de capela, brincando inocente no seu carrossel, quem foi o responsável por essa gravidez irresponsável? Terá sido o Espírito Santo?
E agora, o que eu faço com os seis pequerruchos? Que nome dou a eles?
Joyce ganhou um hamster. Detestei. Logo mais ela decidiu que o coitadinho estava sem vida sexual e comprou uma fêmeazinha (à qual demos o nome de Maria Santíssima). No começo eu sequer encostava minha mão neles. Depois, com o tempo, passei a gostar deles. Dava-lhes até comidinha e os deixávamos soltos pela casa. Acontece que transaram. E transaram muito, os dois. E vieram descendentes... rs!