29.11.05

Se não for agora, quando?


Tem hora de parar - e tem hora de partir.

Tem hora de permanecer quieto e calado num canto,
e tem hora de cantar e de voar.


Agora,
agora não é hora de dobrar as asas,
nem de calar a voz,
nem de catar gravetos para fazer o ninho.


Agora não é hora de sentir remorsos.


Não é hora de buscar consolo,
nem de caiar o túmulo.



Agora que estou na beirada,
bêbado de alegria
e pronto para o salto,
não me segure em nome de nada.


Não queira impedir-me
dizendo que é muito cedo,
ou que é muito tarde,
ou que está escuro, é perigoso, muito alto,
muito fundo, muito longe...


Não!


Se você não puder incentivar-me para o salto;
se você não puder empurrar-me
em direção à Vida,
então não me segure.


Não me prenda, nem me amarre.


Não envenene com teu medo a minha dança.


Seja só uma silenciosa testemunha desta vertigem.


Porque agora,
agora é hora de voar.


É hora de abrir-me a todas as possibilidades.





E saltar num vôo livre e sem destino
para dentro de mim mesmo.

Edson Marques



No Livro Solidão à Mil